Hoje eu vim pra varanda de casa. Não costumo fazer isso todo dia, mas hoje bateu aquela vontade. Olhar pro nada e pensar em tudo. Olhar pro tudo e não pensar em nada. Deixar o tempo passar. Sem pressa, sem correria, sem noção. Apenas o tempo, na velocidade que ele quiser, da forma que ele quiser, com quem ele quiser.
Eu vi luzes de todas as cores. Amarelas, vermelhas, brancas e azuis. Algumas piscavam. Outras não faziam nada. Algumas andavam. Outras não faziam nada. Algumas riscavam o céu, como se fossem grande vaga-lumes. Outras não faziam nada. Algumas até sabiam emitir sons. Outras, mesmo sem voz, diziam tudo.
Incompleto. Tinha algo faltando. Não vi a lua. Não vi estrelas. O céu era infinito. Não vi nenhum vulto natural. Era tudo movido a eletricidade. Tudo construído. Lembrei da minha infância. E que infância. Sabe quando você se dá conta que era feliz e não pode fazer nada pra voltar no tempo? É assim que eu me senti. É assim que eu me sinto. O que eu mais queria, hoje é o que eu menos quero. Mas é assim mesmo. Um dia a gente aprende. Com o tempo a gente aprende. Vai dar tudo certo. Tem que dar.